Resenha: @mor - Daniel Glattauer




Título: @mor
Título Original: Gut Gegen Nordwind
Autor: Daniel Glattauer
Tradução: Eduardo Simões
Editora: Suma de letras
Páginas: 184


Mais um ótimo exemplo de “não julgue o livro pela capa”. A primeira vez que vi este livro foi em um sorteio da blogosfera, mas apesar de ter entrado no sorteio, não dava muito pelo tal livro que até então eu nem conhecia. Pouco tempo depois, vi sorteio em outro blog. E depois mais uma resenha em outro... Foi aí que decidi: Quero esse livro agora. Então passei na frente de vários e comprei. Quando vi o tamanho, não resisti à curiosidade e comecei a ler... Não soltei até terminar. Por quê? Você já vai entender.
Num e-mail enviado por engano, começa um relacionamento virtual que testa as convicções de Leo Leike e Emmi Rothner. Ele é casada; ele ainda está digerindo o fracasso de seu último relacionamento – e nada como a curiosidade, instigada por frases bem-encadeadas numa caixa postal eletrônica, para que os dois se esqueçam dos obstáculos e sejam impelidos a marcarem um encontro. Mas a expectativa é uma faca de dois fumes, trazendo o medo de que a realidade não esteja à altura da fantasia.
Originalidade. Quanto mais o mercado literário cresce, mais difícil fica para nós, leitores, encontrarmos um livro que traga algo diferente, único, criativo... Até que você se depara com um livro de capa e título simples e finalmente pode dizer: “Ufa, ainda há originalidade por aí”.

Para começar, toda a história acontece através de troca de e-mails. É uma estrutura diferente e que dá uma fluidez fantástica, pois você se pega virando páginas e mais páginas, pensando “só vou ler mais essa resposta, é curtinha...”, e assim termina o livro rapidinho!

O enredo também é original e bem estruturado. Os personagens são bem construídos e têm seus conflitos, especialmente por encontrarem tanta alegria ao fugir de suas realidades. O romance... Bom, você se vê querendo que os dois se encontrem, mas ao mesmo tempo, consegue entender o medo deles. Você tem tempo de torcer por eles, de sentir a conexão deles, ao invés de ter que engolir uma história de amor à primeira vista.

Além disso, o diálogo é leve e inteligente, com doses certas de humor, ironia e provocação. Isso também faz com que o leitor se identifique, porque, afinal, quem nunca teve algum tipo de relacionamento à distância? Quem nunca quis alguém com quem pudesse ser você mesmo e ao mesmo tempo outra pessoa? Quem nunca quis dar uma fugidinha da realidade?

O que mais me alegrou – espero não acabar arrependida depois – foi descobrir que essa história tem continuação. Isso mesmo, uma das histórias mais leves, gostosas e originais que li em algum tempo ainda não terminou. Ufa!

É claro, você não pode esperar um enredo forte e cheio de drama (à lá Nicholas Sparks, por exemplo), mas é um livro delicioso e cheio de reviravoltas que encantam a sua própria maneira. Quer saber mais? Leia-o. Eu recomendo!

CitaçãoNós nos comunicamos no vácuo. […] Não há outras pessoas ao nosso redor. Nós não moramos em lugar algum. Não temos qualquer idade. Não temos rosto. Não distinguimos entre dia e noite. Não vivemos em tempo algum. Temos apenas nossos respectivos monitores, rigorosos e sigilosos por si só, e temos um hobby em comum: interessamo-nos respectivamente por uma pessoa completamente estranha. (p. 19)

Avaliação: ★★★★★ (Ótimo)
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About Anna Laitano

4 comentários:

  1. Livros de correspondências não são propriamente uma novidade, mas reconheço que em formato de e-mails e contextualizado em nossa época ainda é um filão a ser explorado. Aliás, muito há para ser dito em relação às redes sociais no campo da ficção, o pessoal não acordou para isso ainda...

    Quanto à continuação, se o primeiro livro foi acima das expectativas, é bom ficar com um pé atrás em relação ao segundo. Mas pode ser tão bom quanto o primeiro, é só não esperar tanto dele... Aliás o próprio livro parece falar sobre isso mesmo: idealização x realização (e as frustrações e surpresas decorrentes).

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    1. Exatamente: não são novos, mas são pouco explorados. Em meio a tanta fórmula saturada, dá um "frescor". E, de fato, a internet em si é algo bem interessante para ser usado como tema; eu, por exemplo, adoraria ler um suspense policial que tivesse algum foco no tema redes sociais, ou algo assim...

      É, você tem razão nesse ponto. Acontece comigo de vez em quando, mais recentemente com o final da trilogia Jogos Vorazes... Esse é o problema da expectativa, precisamente como retratado no livro. Espero que na história e fora dela as coisas sejam, pelo menos, satisfatórias.

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  2. Acho que minha relação com esse livro era exatamente a sua no começo. Vejo um sorteio aqui, vi a capa, li rapidinho uma resenhazinha, até ler a sua resenha e despertar uma identificação e uma curiosidade enorme sobre esse livro a ponto de querer ir correndo pra livraria pra comprar ele. 184 páginas de emails deve mesmo acabar muito rápido. Gostei MUITO da sua resenha, pois é desse jeito que eu espero que uma resenha seja, sem spoiler, que me instigue a querer um livro que eu não tava nem ai pra ele. Depois disso você merece o meu follow. Parabéns. Beijos

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    1. Fiquei extremamente feliz com o seu comentário, então começo agradecendo por ele. O livro tem um toque de novidade bem interessante, eu recomendo (além disso, tenho visto por aí com preços promocionais bem bacanas). Em relação ao formato da resenha, tento sempre fazer algo sem spoilers, porque me irrito muito quando vou ler uma resenha buscando uma opinião e me deparo com o livro inteiro narrado em alguns parágrafos; isso me desanima, então tento não fazer o mesmo... Espero estar conseguindo. Obrigada pelo carinho e volte sempre! Beijos.

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